Ser mãe é uma das tarefas mais desafiadoras e recompensadoras da vida de uma mulher. Ela carrega consigo a responsabilidade de criar e educar seus filhos com amor, carinho e dedicação. O Dia das Mães não deve ser lembrado como um dia que serve apenas para comprarmos presentes e lembrancinhas. É um dia para olharmos para a Mãe e a agradecermos, é dia para valorizar a sua jornada e ressaltar a importância dela na nossa vida.
Para homenagear todas as mães nessa data tão especial, convidamos 3 mães que são exemplos de amor, coragem e determinação para contar um pouco da sua visão sobre O QUE É SER MÃE.
LILIANA RIBEIRO
Queria ser mãe mas eu sabia que na minha situação de cadeirante não seria fácil. Não desisti , procurei uma médica que me deu todo o acompanhamento, mesmo sendo essa mesma profissional muito criticada na época por causa das minhas condições físicas...mas eu queria ser mãe. Consegui e foi o período mais lindo, gratificante da minha vida. Eu tenho dois filhos maravilhosos, Frederico e Amanda, que são a minha vida. Ser mãe é uma benção, um presente de Deus!
Não desista das coisas assim tão fácil , tive uma oportunidade e aproveitei com muita alegria.. Agradeço a Deus, ao meu marido ( Theodoro ), minha médica, minha família e amigos que me apoiaram nessa etapa de ser Mãe .
MAURA LEITZKE
Ser mãe é uma coisa linda que Deus concedeu a nós, mulheres. Sou mãe há 3 anos, meus filhos vieram para mim, a Heloísa com 3 anos e o David com 9. Essa experiência está sendo maravilhosa, não pude ter meus filhos próprios por alguns motivos de saúde meu e do meu esposo... lutamos, tentamos para que eu engravidasse, tratamentos médico e cirúrgias e nada foi possível... mas Deus me deu o David e a Heloísa de presente, veio para nós nossos filhos de uma outra maneira, como filhos adotivos, filhos de coração como alguns dizem.
Frases como " Seus filhos são adotados, não são filhos de sangue" para mim não faz diferença, para mim e Paulo são nossos filhos como se eles tivessem nascido de nós. Porque não tem explicação tu ir até um lar conhece-los e de repente aquela pessoa pequenina atende o telefone quando tu liga pra saber como ele tá diz "mamãe, mamãe, quando tu vem me buscar?" isso não tem explicação, isso é coisa de Deus. De uma maneira diferente, meu filho diz que gostaria de ter nascido de mim... eu sempre digo que Deus deu de presente, tanto eles pra nós quanto nós pra eles. Ser mãe, adotiva, de coração ou a que deu a luz...Mãe é mãe, mãe é tudo. Eu tenho a minha mãe ainda, que está com 80 anos, é meu suporte aqui, eu moro com ela.
Os filhos sempre tem aquele momentos " ah mãe, tu tá incomodando, para de incomodar "ou ah mãe, para de reclamar".. São fases, a gente passou por isso também, sempre mãe, mais mãe do que pais eu acho. A mãe é sempre um pouco pai e o pai um pouco mãe as vezes também. Então pra mim a experiência de ser mãe é sem palavras, eu não sei nem como explicar. São pessoas que entram na tua vida [os filhos] e de inicio viram ela de cabeça pra baixo, antes você não tinha filhos e de repente adota 2 maiorzinhos...,mas essa reviravolta é gratificante, não tem palavras pra explicar. Ser mãe é isso, saber reconhecer e compreender os traumas dos filhos (principalmente mãe adotiva), ajudar eles a superar o que eles passaram. Para mim, a cada dia é um experimento novo, uma experiência nova com eles, acontecimentos novos. A Heloísa com seu jeito meiguinho, com problemas de fala e agora já fala quase tudo, agora fala até demais... o David com seu jeitinho brabo, explosivo... mas cada um com seu jeito, cada um com a sua maneira, mas a gente [pais] mostrando para eles o caminho correto. Isso é ser mãe, ensinarmos a eles a serem pessoas honestas, a dar amor e carinho, explicar as coisas que eles fazem errado, tentar entender eles, então ser mãe é tudo isso. Ser mãe é uma coisa especial. Para mim é uma experiência que não sei explicar, sou muito feliz com meus filhos que vieram do jeito como vieram, Deus me deu eles de presente.
JOSEANE JIMÉNEZ ROJAS
Quando eu soube que seria mãe eu não era mais uma guriazinha, me achava muito preparada (santa inocência) e pensava que minha maior dificuldade seria conciliar o fim do doutorado com a chegada do Raul. E foi aí que eu vi que nunca soube nada de nada! Nunca estamos preparadas. O Raul sempre foi uma criança considerada calma, até demais, tanto que eu tinha certeza de que tudo que falavam sobre as dificuldades do primeiro ano de vida da criança era exagerado, tão exagerado que meu marido e eu nos sentimos confiantes o suficiente para termos o segundo filho quando Raul nem tinha 2 anos ainda, achávamos que havíamos nascido para a paternidade! Foi durante a gestação da Ruth que, desconfiando de algum problema de comunicação do Raul, recebemos o diagnóstico de autismo, ele tinha 1 ano e 9 meses. Choramos desde o consultório da neuropediatra até chegarmos ao trevo da cidade, e deu, foi o tempo que durou o nosso "luto", o tempo para digerir a mudança de planos, traçar estratégias. Como eu seguiria chorando pelo Raul? A coisa mais importante da minha vida! Não, ele era o meu maior motivo para sorrir e não para chorar.
Meses depois, com a chegada da Ruth, estávamos completos, guriazinha linda e faceira, mas que também logo se demonstrou diferente do que os padrões consideram como normais (mas o que é ser normal mesmo?!?). O diagnóstico da Ruth demorou um pouquinho mais, mas no fundo já sabíamos, mães sempre sabem, pais também. De repente todos aqueles planos que tu tens quando está gestando ou depois do nascimento mudam, eu criei muitas expectativas para meus filhos antes do autismo, sonhava em vê-los grandes cientistas, talvez astronautas (sim, eu sou megalomaníaca), hoje as expectativas são outras, mas não menos ambiciosas, eu sonho em vê-los felizes, extremamente felizes, felizes ao ponto das pessoas comentarem "poxa, como são felizes"!
A Ruth e o Raul me fizeram muito melhor, com eles eu aprendo coisas que nem todo mundo sabe ensinar, o desconhecido muitas vezes causa medo, mas eles me ensinaram que o desconhecido pode nos trazer também outros sentimentos... As surpresas boas da vida sempre superam as não tão legais! Raul, apesar dos seus 9 anos, todos os dias me apresenta bracinhos esticados pedindo colo e beijos de boca aberta que só ele sabe dar, Ruth, com apenas 7 anos, todos os dias me surpreende com perguntas difíceis que me fazem ter que estudar mais, eles me fazem achar que a vida vale muito a pena!
Tem dias que em menos de 10 minutos eu preciso explicar 4 vezes que um ou outro é autista, no uso da fila preferencial, no abraço no desconhecido, na fala sem parar, ou na ausência de fala, na agressividade sem motivo, no uso do abafador de ruídos, na volta olímpica pelos corredores do supermercado... Faz parte do nosso dia a dia com filhos com deficiência não aparente. Eu admiro e aprecio meus filhos do jeitinho que eles são, quando nos olham com olhares de reprovação ou até mesmo de pena eu apenas respondo com um sorriso no rosto: “eles são meus filhos e são autistas”. E aí, sozinha com Ruth e Raul, eu conto que eles irão encontrar por aí pessoas que não são legais, algumas eles até já encontraram, e está tudo bem, eu conto que isso também acontece com a mamãe e com o papai... Na verdade acontece com todo mundo! Mas eu também conto para eles outra coisa: as pessoas legais são maioria!
Eu não sei como foi o dia dos meus filhos na escola, como as outras mães, eles não sabem me contar... Mas eu sei tantas outras coisas... Sei o que é dizer “eu te amo” cem vezes por dia para receber um olhar sorridente. Sei o que é fazer cócegas na barriga para ouvir a gargalhada mais linda do mundo. Sei o que é carregar no colo até doer a coluna, escada acima e escada abaixo. Sei o que é receber abraços tão apertados a ponto de machucar. Sei o que é correr na praia durante horas para não perdê-los de vista. Sei o que é assistir mil vezes só a entrada dos desenhos para poder ler os subtítulos. Sei o que é dormir abraçadinhos todas as noites. Sei o que é passar horas em salas de espera de terapeutas. Sei o que é torcer para que os medicamentos funcionem. Sei o que é rezar para que os coleguinhas gostem deles. Sei o que é passar noites em claro pensando no que será de nós. Sei o que é ter medo de meu esposo e eu morrermos antes deles... Mas também sei o verdadeiro sentido de me sentir necessária, de me sentir amada. Sei ser sensível o bastante para perceber, interpretar e entender qualquer mudança de comportamento dos meus filhos. Sei ser braba o suficiente para todos os dias lutar para construir um mundo com mais igualdade, respeito e empatia para eles. "E sou feliz assim e não trocaria meus pequenos por nada nesse mundo!"
- A Yaih fica muito feliz por contar essas histórias e agradece a participação das mães que separaram um pouco do seu tempo para abris o seu coração. Com certeza os leitores ficaram com o coração quentinho lendo essa história pois a nossa equipe ficou.
FELIZ DIA DAS MÃES!!!
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